Na nossa última reunião da Squadra Sul - Ducati, surgiu uma ideia interessante do Renato Carvalho, ele disse: - “Bora fazer uma grande aventura!!! Vamos enfrentar as duas Serras mais encantadoras de Santa Catarina, do Brasil e duas das mais fantásticas do mundo!” e passou a explanar ao grupo:

“A Serra do Rio do Rastro é aclamada de forma unânime como um dos pontos turísticos mais famosos do Brasil. Segundo a agência de notícia britânica The Guardian, é uma das 10 mais deslumbrantes estradas sinuosas do mundo!!! São 284 curvas, muitas delas em cotovelo, subidas muito íngremes e distribuídas em mais de 11 km. A paisagem é impossível de descrever, pensa num lugar bonito! Essa é para ficar no currículo e vai ser a maior aventura dos últimos tempos!”. Não é preciso dizer que todos ficaram super entusiasmados! 

“E ainda, ali perto tem a Serra do Corvo Branco, que liga a cidade de Grão-Pará a Urubici, e com os seus 1.470 m de altitude consegue ainda ser mais bonita. Só tem um pequeno porém, a estrada é muito mais radical, o nível de dificuldade é bem maior, as curvas são muito fechadas, estreitas, íngremes até demais, e pra piorar, na maior parte da descida é de chão batido e com um monte de buracos... dá uma sensação que a qualquer momento tu vais te assustar com os carros na direção contrária ou a moto vai deslizar e uma pedrinha na curva vai te levar pro chão. Para vocês terem uma idéia, a estrada era conhecida como “a mais temível” de todo o Brasil. O negócio não é para principiantes...

Em resumo, tanto uma quanto outra proporcionam um misto de sentimentos fora do normal. O sorriso causado pela paisagem fantástica se mistura com o medo da altura dos penhascos e a tensão de cair faz o coração acelerar. Tchê, é adrenalina pura.!!!!”

Neste momento, aqueles sorrisos que os mais novos tinham foram ficando amarelos, as expressões de seus semblantes foram murchando, os olhos correram paro vazio e pairou aquele silêncio.

Porém, como gostamos de aventura não pensamos duas vezes antes de participar. A resposta foi desconfiada, mas unânime: Bora!!! Assim, em 20 minutos verificamos a previsão do tempo, as reservas do hotel, os horários de deslocamento, os pontos de paradas, as rotas, e tudo mais. Então, às 13 horas da sexta, do dia 17 de julho de 2020 partimos em 8 motos de Porto Alegre para dormir em Criciúma. 

O dia estava ensolarado, temperatura amena, de 23 graus e estávamos levando na mala muita alegria e empolgação. O percurso até Criciúma foi impecável, a paisagem litorânea de Santa Catarina é um paraíso. Chegamos no hotel às 17h e às 19h fomos jantar no famoso bar temático de motociclistas – Maverick. 

A decoração desse lugar é realmente incrível. Logo na entrada já dá para perceber que o estilo rústico divertido vai te remeter aos famosos Pubs Americanos da Rota 66. As luzes neon, as motos penduradas na parede, a cabine de caminhão que serve de guichê na entrada, as garçonetes vestidas a caráter, tudo impressiona muito. 

Você entra deslumbrado e fica olhando para tudo que é lugar!! E ainda tem mais uns detalhes que merecem destaque, além da comida de primeira e o desfile de gente bonita, a música é um capítulo à parte! O Maverick recebe pessoas de todos os lugares da região para ouvir aquele bom e velho rock de qualidade!!! Depois que você conseguiu segurar o queixo por causa da decoração, a música vai te relaxando, e o ambiente fica ainda mais agradável e empolgante. Não sei quanto aos meus amigos, mas para mim foi o melhor Pub que visitei no Brasil!

No dia seguinte, depois do café, partimos para enfrentar as duas serras. Primeiro, para subir a Serra do Rio do Rastro percorremos 65km até Lauro Muller. Esse trajeto se tivesse nome, seria o trajeto da expectativa, porque todo mundo estava apreensivo pelo que viria pela frente. 

Pouco a pouco a paisagem foi começando a mudar, dando início aos grandes paredões de rocha, vegetação e penhascos. As curvas começam a ficar mais fechadas, os carros que sobem começam a passar cada vez mais perto dos que descem, o nível de dificuldade para fazer as curvas íngremes aumentam, a atenção triplica e o coração parece sair pela boca. Meus batimentos cardíacos chegaram a 165bpm, mas não espalha!

Quando parávamos para tirar fotos tínhamos exatamente as sensações descritas na explanação do Renato: Ao olhar pra baixo não conseguimos explicar o que é a beleza desse lugar. As curvas vistas de longe lembram uma serpente ao lado de grandes montanhas verdes. Não dá para acreditar que isso tudo fica aqui no Brasil. um lugar realmente maravilhoso!

Ao olhar para cima para o próximo obstáculo, aquele medo porque o cérebro, inevitavelmente avalia a altura para chegar nas próximas curvas, que estão muito lá em cima. É imprescindível que se faça alguns trechos em 1ª e 2ª marchas e calculando o ângulo de abertura da curva, toda atenção é necessária para conseguir completar o trecho.

Ao chegarmos no topo, nos demos conta que todos os obstáculos havim sido vencidos e dessa forma, sentimos o gosto da vitória, da experiência fantástica, da aventura com os parceiros. É indescritível e vai ficar marcado para o resto da vida em nossas memorias. 

Poucos metros depois paramos para tirar fotos no Cânion da Ronda, um observatório construído no alto de uma colina, em uma propriedade privada. A entrada custa 10 reais e vale muito a pena, só não esqueça que tem que caminhar um pouco a pé no meio das pedras. 

Depois disso passamos para almoçar no Mirante da Serra, que fica 600 metros mais para frente. Este lugar é o ponto de encontro dos motociclista, dos grandes e bravos aventureiros. A parada é obrigatória para tirar fotos no famoso letreiro “Eu amo a Serra do Rio do Rastro”, e para visitar restaurantes e lojas de souvenir. Para a surpresa de todos, ainda fomos agraciados com a visitas de vários quatis que comeram em nossas mãos.

Depois disso, seguimos pela SC 390, sentido Bom Jardim da Serra até a estrada SC 110, que leva a Urubici, e de lá seguimos para entrada da Serra do Corvo Branco. O trajeto de 110 KM, durou cerca de 1 horas e 20 minutos, de muitas curvas e paisagem tipicamente europeia.

A entrada da Serra é algo imponente, são dois paredões de rochas gigantes que dão ideia de uma garganta, típica daqueles desfiladeiros dos filmes de expedição arqueológica. A Serra tem o maior corte em rocha do Brasil, com aproximadamente 90 metros de profundidade.

Nos posicionamos um pouco antes da primeira curva, onde o Renato nos passou as seguintes instruções: “Desliguem o controle de tração e de estabilidade, não usem freio dianteiro, desçam em 1ª ou 2ª marcha, façam as curvas devagar, porque existem pedras soltas, procurem não inclinar a moto e se inclinar, o corpo deve pender para o lado oposto da moto. Jamais joguem o corpo pra frente e não há espaço para carros e motos nas curvas, se vier um carro buzine para ele parar e esperar vocês fazerem a curva.

Bom, a metade da turma já estava nervosa pela fama da estrada e depois de olhar para àquela altura toda e das condições do solo da estrada, além das recomendações que nos foram passadas. Uma das participantes estava tão nervosa que, sem perceber, falava aos gritos com todos.Não é difícil imaginar que a descida do Corvo Branco foi incrível e repleta de adrenalina. O Coração estava na boca e a sensação é impossível descrever! 

Depois de voltar para o hotel em Criciúma, e relembrar os detalhes de um dia tão especial, podemos concluir: nossas motos nos presenteiam com grandes experiências, nos fazem superar desafios em vários níveis de dificuldade, e ainda nos levam para conhecer paisagens lindíssimas, mas o mais importante de tudo é que nos proporcionam colecionar grandes amigos!!!! Como é bom descobrir que existem parceiros que possuem o mesmo gosto por aventuras! O mesmo brilho nos olhos e a mesma alegria de viver!

Obrigado Ducati e Squadra Sul!